Bem-vindos, caros leitores, a mais uma conversa franca e enriquecedora sobre saúde mental. Hoje, irei abordar um pouco mais sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em adultos. Um tema muitas vezes mal compreendido, mas que impacta significativamente a vida daqueles que o vivenciam. Aqui você entenderá um pouco mais sobre os mitos, descobrir verdades e compreender como a terapia pode ser uma aliada valiosa nessa jornada.
Primeiro de tudo, o que é o TDAH?
Antes de adentrarmos em reflexões mais profundas, é essencial compreender o que é o TDAH. Este transtorno neurobiológico, comum na infância, continua a afetar muitos indivíduos na vida adulta. Caracterizado principalmente por dificuldades de concentração, impulsividade e hiperatividade, o TDAH pode se manifestar de maneiras diversas em cada pessoa.
Uma Jornada de Desafios
Imagine uma pessoa com uma régua de autoavaliação tão alta que a cada pequeno desvio dos seus padrões, ela se sente um fracasso. Essa é uma realidade comum para muitos adultos com TDAH. Crescer em um mundo que valoriza a atenção constante e a produtividade sem pausas pode ser especialmente desafiador para quem tem um cérebro inquieto.
Desde esquecer compromissos importantes até procrastinar tarefas cruciais, o dia a dia de um adulto com TDAH pode ser uma montanha-russa emocional. O constante sentimento de frustração e inadequação pode minar a autoestima e desencadear ansiedade e depressão.
Mitos e Verdades
No universo do TDAH, mitos muitas vezes se entrelaçam com verdades, dificultando a compreensão precisa do transtorno. Por exemplo, é comum acreditar que o TDAH é apenas uma desculpa para comportamentos desordenados. No entanto, estudos científicos sólidos sustentam a existência e a complexidade desse transtorno.
Outro mito é que o TDAH ocorre apenas na infância e não existe na idade adulta. Embora os sintomas possam se manifestar de forma diferente e muitas pessoas diagnosticadas e tratadas de forma precoce tenham melhora em seus sintomas durante a vida adulta, o impacto do TDAH na vida de um adulto é real e significativo, principalmente para os que não tiveram diagnóstico e tratamento em seu período de desenvolvimento. Reconhecer essa realidade é o primeiro passo para buscar ajuda e encontrar estratégias eficazes de enfrentamento.
A Importância da Terapia
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) surge como uma luz guia na escuridão das dificuldades do TDAH. Por meio de técnicas específicas, como a reestruturação cognitiva e o treinamento em habilidades sociais e de enfrentamento, a TCC pode ajudar os adultos com TDAH a gerenciar melhor seus sintomas e desenvolver estratégias adaptativas.
Um dos principais benefícios da TCC é sua abordagem prática e focada no presente. Ao contrário de explorar apenas as raízes do problema, a TCC concentra-se em identificar padrões de pensamento e comportamento disfuncionais atuais e substituí-los por alternativas mais saudáveis e eficazes.
Transtorno ou Traço: Qual a diferença?
É importante ressaltar que nem todos os traços/sintomas de desatenção, impulsividade e hiperatividade são necessariamente indicativos de TDAH. Todos nós experimentamos esses comportamentos em algum momento de nossas vidas. O que diferencia o transtorno é a persistência, intensidade, grau de sofrimento, prejuízo e período de surgimento desses sintomas.
Assim, a avaliação de um profissional especializado é crucial para um diagnóstico preciso, pois é necessário considerar não apenas um sintoma, mas um grupo de critérios diagnósticos e histórico de desenvolvimento. Autodiagnósticos baseados em informações superficiais podem levar a interpretações equivocadas e atrasar o acesso a tratamentos eficazes, além de aumentar os estigmas sobre a seriedade do trabalho científico da psicologia e medicina.
Crenças Limitantes e Estigmas Sociais
Além das dificuldades intrínsecas ao TDAH, os adultos que vivenciam esse transtorno muitas vezes enfrentam crenças limitantes e estigmas sociais. A ideia de que o TDAH é apenas uma desculpa para a preguiça ou a falta de disciplina pode perpetuar sentimentos de vergonha e autocondenação.
É fundamental desafiar essas crenças negativas e promover uma maior compreensão e empatia em relação ao TDAH. Ao educar a sociedade sobre a natureza complexa desse transtorno, podemos criar um ambiente mais acolhedor e inclusivo para aqueles que vivenciam o TDAH.
Considerações finais
É crucial lembrar que reconhecer e aceitar o TDAH como parte de quem somos não nos torna fracos, mas sim fortes e resilientes, essa é uma jornada de autodescoberta e empoderamento.
Por meio da terapia, do apoio da comunidade e do autodesenvolvimento contínuo, podemos aprender a navegar pelas ondas complexas do nosso cérebro inquieto com mais habilidade e compaixão. O TDAH não define quem somos, mas molda a maneira como enfrentamos os desafios da vida.
Então, vamos abraçar nossa singularidade, celebrar nossas conquistas e continuar avançando, um passo de cada vez, rumo a uma vida significativa e de bem-estar.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando desafios relacionados ao TDAH, lembre-se: você não está sozinho. A ajuda está disponível e a mudança é possível. Juntos, podemos criar um mundo mais inclusivo e compassivo para todos.
Até a próxima, e lembre-se: sua jornada é valiosa, e você é mais forte do que imagina.
Créditos autorais: Kamila Gama, Psicóloga Clínica.